sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Agora

E agora?
Já não é mais agora. Fôra agora, mas agora já não mais.
E o agora agora?
Também já não existe mais.
E o passado? O passado é tudo que não existe.
Mas existiu.
Sim, mas agora é só agora.
O passado foi agora no passado.
Não passa mais de uma idéia.
Então chegamos no futuro.
Não, o futuro vira passado.
Veja, tudo está passando, tudo se tranformando no passado, tudo se tornando idéia.
O futuro se desenrola no passado.
Mas e agora?
Agora não existe, é tudo passado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ele

Todo dia ele faz quase tudo sempre igual. Ouve o celular despertar as 7:00h, levanta-se as 7:30h, toma banho, se no dia anterior tiver tomado só lava o rosto. As vezes toma café, outras tem preguiça de preparar. Parece que não tem ninguém. Sozinho caminha até a estação para pegar o ônibus, no ônibus sempre está lendo. Não sei o que ele lê. Qualquer dia eu espio ou pergunto de forma civilizada. eu não gosto de ler, ele parece que gosta. Talvez ele não goste também, lê por obrigação. Quem o obrigaria a ler? Não sei, eu apenas estou falando sobre ele.
Em determinado ponto ele desce do ônibus, se dirige à uma loja, lá trabalha o dia todo. Bem, não sei se trabalha efetivamente todo o tempo que fica lá dentro, nunca me atrevi a entrar. Sou muito discreto. Ah! Mas ele sai num determinado momento, fica algum tempo fora, depois volta. Nunca sai no mesmo horário. Porque tem de estar sempre variando? Nunca consigo acompanhá-lo, se o encontro é por acaso.
No fim do expediente eu estou sempre a posto. Não que eu o esteja seguindo, não é isso, apenas me interessei por esse ser estranho. Ele sai e vai embora, as vezes acompanhado, outras não. Percebi também que as vezes ele pára na metade do caminho e entra em outro lugar. Tenho que investigar mais sobre isso. Chegando em casa, alguém o espera. Nunca soube o que acontece depois que ele fecha a porta. Nem quero saber, não sou tão curioso assim, acho que nem você, certo? Ele deve dormir e fazer quase tudo igual de novo.

Medo

Eu tenho medo.
Quem é que não tem medo?
Você até pode me dizer que não tem, mas tem sim, eu sei que tem.
O pior medo é o medo do medo. É o medo dos covardes, daqueles que não admitem tê-lo, precisam escondê-lo a todo custo.
Medo de si.
Medo dos outros. De os outros saberem que ele tem medo.
Por isso eu digo sem vergonha que eu tenho medo.
Você tem?