segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

É tempo de movimento

Todo dia eu pensava o quão interessante poderia ser registrar o tempo em palavra escrita. Gosto de pensar que a narrativa narra o tempo. Não o tempo abstrato, claro,  mas registra uma sucessão de fatos ocorridos através do tempo. Ou seja, contamos o tempo quando contamos histórias.

E agora eu danei para ter felicidade na vida. Colocar em prática aquele pensamento longínquo de desejar sentir a vida. Sentir com toda intensidade, com a intensidade suficiente para demarcar o tempo através dos eventos narrados. Eu sou um incorrigível prolixo, que gosto de deixar a mente livre e ela escolhe os caminhos que a narrativa toma.

Tantos rodeios para dizer que o nome desse Blog vai mudar. O antigo não me satisfaz mais. Penso em algo que remeta movimento ascendente. Pensei também em pensamento, porque só se escreve o que se pensa. E quando se escreve também se lapida o que se pensa. 

Pensamento movimento. Movida Mental. Axé, Exu.


sexta-feira, 2 de abril de 2021

 Nove de janeiro de dois mil e quinze.

Que fizera neste dia?

Tudo que sabe é

Que uma página em branco foi o que restou.


Sinto que as páginas deixadas em branco

nem sempre voltam nos visitar

e semear a dúvida:

o que se passou nesta sexta-feira?


Que um texto que acabou por ser escrito

em um futuro nem tão distante, assim,

 leve a lembrança perdida

de uma data do passado.


Hoje era sexta-feira,

primeiro de abril

do ano 2021



terça-feira, 13 de janeiro de 2015

E eis que estar diante da mesma tela é o que o liga ao passado. Claro que a tela muda constantemente o que tem a oferecer, mas a sensação é a mesma, de uma virtualidade envolvente.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Muro

Um muro alto se fez em frente a sua janela, ele não podia mais apreciar a paisagem de concreto que antes dispunha à contemplação. Agora suas manhãs eram cor de tijolo. No começo não queria mais abrir as cortinas, depois passou a abri-las antes de sair de casa. Agora quando volta para casa se fecha em seu pequeno mundo de quatro paredes, mas não precisa mais se preocupar se o estarão espiando, mesmo com as cortinas abertas pode ficar totalmente à vontade, o mundo não mais consegue penetrar em seu casulo.

sábado, 20 de novembro de 2010

A - E aí?
B - Oi
A - Não direi que foi bom...
B - É difícil dizer.
A - É difícil, sim. Mas eu gostei.
B - Gostou?
A - Acho que sim.
B - Talvez tenha sido mesmo, mas eu não me importo.
A - Viu aquela minha peruca verde?
B - Sim.
A - Onde está?
B - Não sei, eu disse que vi, não que sei onde está.
A - Para quê me responder assim?
B - Assim como? Você me perguntou eu respondi, não foi?
A - Não foi, quer dizer, foi. É que...
B - É o quê? Por que quer a peruca verde agora?
A - Para combinar com meu sapato. Não acha que ficaria melhor?
B - Verde combina com laranja?
A - Eu gosto da peruca com esse sapato. Mas se você acha que não fica bom eu coloco outra...
B - Não. Não, fica bom sim, se você gosta, acho que está tudo bem.
A - Tem certeza? Se você não gosta eu não vou assim, tenho tantas outras coisas.
B - Prefiro você sem roupa e sem peruca.
A - Mas não posso sair sem roupa, sem a peruca até posso, mas...
B - Você poderia sair só de peruca para variar.
A - Está bem, mas só se você não olhar.
B - E como vou andar?
A - você vai com uma venda nos olhos, eu o guio pelo braço. Garanto que nos vão olhar.
B - De quê adianta?
A - É, acho não é uma boa idéia.
B - Você nua é uma boa idéia, se no final da noite ficaremos nus e deitaremos juntos, para quê as roupas?
A - Não, uma boa idéia seria ficarmos nus aqui. Mas você não viu mesmo minha peruca verde?
B - Eu gostei.
A - Da idéia de ficarmos aqui nus?
B - Não, gostei da performance.
A - Ah!

Encontro

Quando eu morri
de rir
eu rachei
de dor
machuquei
depois
vivi
à toa
hoje rio
às desgraças
virei
alheio
então me encontrei
no meio
termo
temo
enfim cheguei
a algum
lugar
nenhum.

sábado, 4 de setembro de 2010

Era apenas um menino quando lhe disseram que não se importavam com sua vida. Mas essa revelação o fez refletir se lhe disseram isso é que na verdade se importavam sim. Então realizado com a desoberta contou a todos que encontrou, por todos os meios. Viveu, viveu até que um dia resolveu não mais existir e continuou a viver.